É importante ressaltar todos os movimentos de contracultura são tribos urbanas, porém, nem todos as tribos urbanas são movimentos de contracultura. E cada tribo tem a sua ideologia politica, modos diferentes de ver o mundo, e com isso se dá o movimento cada um com sua particularidade.
A imagem, durante muito tempo, foi um elemento encarado com desconfiança. Para
René Descartes, um dos grandes pensadores da tradição filosófica, a imagem é entendida.
como fonte de ilusão e engano.” (Batista, 1998, p.74) Não só os filósofos, mas também os
antropólogos sempre tiveram um certo receio em estudar ou ter a imagem como referencial
em seus estudos. Apesar disso, a antropologia utilizou a experiência de alguns fotógrafos e
cineastas para produção de vários filmes etnográficos com o objetivo de capturar aspectos da
vida do nativo e assim compreender melhor a cultura de determinada comunidade.
Fotografias de pessoas que se aglomeram podem oferecer-nos oportunidade para avaliar,
qualificar e comparar, porém estas avaliações podem ir muito além e auxiliar na definição da
forma exata de cultura social.” (Collier Jr., 1973, p.49)
O campo científico não deve estar limitado somente à produção escrita, é importante
que o antropólogo reflita sobre a necessidade da utilização de imagens e sons e utilize esses
documentos audiovisuais e as tecnologias digitais como fonte de inspiração e de melhor
qualidade para sua pesquisa e desenvolvimento de trabalhos “multissensoriais”. Além disso, é
importante destacar a proposta interdisciplinar que a antropologia visual traz para produção
científica, resultando numa aproximação com áreas, como, as artes, a tecnologia e a
comunicação social. Dessa forma, vemos que, aos poucos, a antropologia vem estudando e
pesquisando novas temáticas, atingindo novos espaços, não com o propósito de negar o
legado antropológico deixado pelos autores clássicos, mas no sentido de refletir e investigar
novos elementos que devem ser compreendidos a partir de um olhar mais apurado e sensível.
A antropologia visual traz em si “uma nova maneira de conceber a antropologia” (Ribeiro
apud Piault, 2005).
O espaço urbano é um local de socialização e interação entre os indivíduos, onde
percebemos as diferenças e a singularidades entre os sujeitos que se convivem na cidade.
Observo, particularmente, a questão dos grupos ou “tribos” urbanas. É fácil perceber como as
ruas das cidades podem, de certa forma, ser comparadas aos desfiles de moda em passarelas,
sempre apresentando uma variedade infinita de estilos. A aglomeração de pessoas e a busca de
individualidade, típica das cidades grandes ou metrópoles, é algo que estimula a produção de
inúmeros grupos urbanos. Temos, por exemplo, os punks, os skin heads, os skatistas, os
surfistas, os clubbers, os góticos etc. Essa diversidade de estilos e de visões de mundo é um
tema extremamente interessante e apropriado para ser estudado pela antropologia visual, pois,
nesse caso, a imagem, o olhar fixado pela fotografia ou pela filmadora tem um papel
fundamental na observação e compreensão desses e outros grupos citadinos.
O registro de olhares proporciona ao antropólogo uma profunda capacidade de
observação e maior quantidade e qualidade de dados que auxiliam na compreensão do objeto
de pesquisa em questão. Esse registro se torna essencial em pesquisas sobre o corpo, estética,
arquitetura, comportamento, design, cerimônias e rituais. Através da câmera fotográfica ou da
filmadora, o antropólogo constrói uma relação dupla: ele apresenta sua experiência particular
no trabalho de campo com os observados e, ao mesmo tempo, se relaciona, por meio de
imagens e sons, com os espectadores e leitores (Ribeiro, 2005).
Como sabemos, a imagem não captura o real, ela “condensa” e fixa representações. A
imagem não mostra a realidade, ela passa por um processo de apreensão que é subjetivo e até
mesmo abstrato. A interpretação da imagem é necessária para que possamos compreendê-la.
Ao fixar uma determinada imagem o antropólogo não está simplesmente tirando uma
fotografia do seu objeto da pesquisa, ele está construindo, produzindo imagens e
representações sobre o seu objeto de pesquisa. A fotografia é em si uma construção subjetiva.
Então os gestos, o comportamento , as vestimentas etc. são importantes na construção e manutenção das identidades sociais.
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